Como a Engenharia Química Transforma a Forma de Conservar Alimentos
Autor: Lucas Baião
Já pensou acordar mais um dia, aparentemente comum como qualquer outro, ir pegar um copo de água bem gelado na geladeira para dar aquela acordada e, simplesmente, não encontrá-la mais lá, como se ela tivesse sumido num passe de mágica? Hoje em dia o uso desse famoso eletrodoméstico é tão comum e difundido que nem imaginamos como seria a vida sem ele, mas, fato é que, desde os primórdios da civilização, muito antes da primeira geladeira para uso doméstico surgir em 1913, a humanidade sempre precisou utilizar diferentes métodos para conservar seus alimentos. Mais sobre isso no nosso outro artigo “Conheça os métodos de conservação de alimentos”.
Na antiguidade a dificuldade se dava, por exemplo, por conta de períodos de caça reduzida em contraste com períodos de abundância. Com a nossa sedentarização promovida pelo advento da agricultura por volta de 9500 A.C., as estações do ano começaram a desempenhar um papel importante na produção alimentícia e momentos como o inverno precisaram ser levados em conta muito antes de sua chegada. Hoje em dia, apesar da realidade ser diferente, preocupações referentes à preservação dos alimentos ainda se fazem presentes, principalmente no que diz respeito a evitar desperdícios, prejuízo e doenças alimentares.
Tendo isso em vista, no cenário moderno de hoje, não só o aspecto produtivo em si, mas também conservar e distribuir os alimentos da maneira correta tem sido uma preocupação constante para a crescente demanda por alimentos. A nível de contextualização, a FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura) estima que, para alimentar a população em 2050, será necessário produzir cerca de 60% mais alimentos do que em 2010.
É nesse contexto que a Engenharia Química se insere, sendo fundamental para garantir qualidade, segurança, inovação e sustentabilidade nos processos industriais alimentares.
Apesar desse fato, indo além das concepções gerais da área, como exatamente esse ramo do conhecimento faz com que os alimentos que você compra no supermercado consigam durar tanto tempo nas prateleiras sem estragar? Ou façam com que as frutas e verduras mantenham sua cor e sabor mesmo depois de colhidas? A resposta está na abordagem técnica moderna de conservação em alimentos, que se utiliza de métodos tecnológicos avançados para preservar as características dos produtos alimentícios e prolongar sua vida útil.
Responsabilidades Técnicas e Áreas de Atuação:
- Controle de Qualidade e Produção: Coordena ensaios físico-químicos, microbiológicos e sensoriais para garantir que matérias-primas, aditivos e produtos finais mantenham padrão de qualidade e segurança. Inclui rastreabilidade de lotes, análise de pontos críticos e monitoramento de contaminantes.
- Processos de Fabricação e Operações Unitárias: Aplica conhecimentos em termodinâmica, transferência de calor e massa, cinética e reatores para desenvolver, padronizar e otimizar processos, dimensionando equipamentos e definindo parâmetros que asseguram conservação, estabilidade e segurança dos alimentos.
- Projetos e Dimensionamento de Equipamentos: Atua no projeto e dimensionamento de equipamentos industriais, como evaporadores, reatores, caldeiras e tanques de fermentação, garantindo operação segura, eficiente e durável.
- Matérias-Primas e Produtos Químicos: Realiza a especificação, controle e avaliação de matérias-primas e ingredientes, além de assegurar a compatibilidade e segurança de produtos químicos usados no ambiente industrial.
- Tratamento de Água e Efluentes: Supervisiona o tratamento da água utilizada na produção e a gestão de efluentes, garantindo que os processos sigam boas práticas e padrões de qualidade.
- Sistemas de Utilidades (Gás e Ar Comprimido): Redimensiona, opera e inspeciona sistemas de gás e ar comprimido, assegurando segurança, eficiência e suporte a processos como transporte pneumático e aeração de líquidos.
- Estequiometria e Balanço de Massa: Controla estequiometria e balanços de massa e energia para padronizar produção, reduzir perdas, aumentar eficiência e ajustar formulações conforme necessidade.
- Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação: Lidera iniciativas de P&D, desenvolvendo novos ingredientes, embalagens biodegradáveis, substituindo aditivos sintéticos por naturais e aplicando tecnologias como microencapsulação de compostos ativos e proteínas vegetais texturizadas para alimentos modernos.
Portanto, fica claro que, nesse cenário complexo e multifacetado, a atuação do engenheiro químico é fundamental, mais que isso, é imprescindível. A engenharia química desempenha um papel fundamental na indústria de alimentos, garantindo que produtos cheguem à mesa do consumidor seguros, de alta qualidade e produzidos de forma sustentável. Em um setor dinâmico, marcado por exigências crescentes e padrões rigorosos, a engenharia química conecta ciência e tecnologia à prática industrial, transformando processos, matérias-primas e inovação em alimentos confiáveis, eficientes e que atendem às necessidades da sociedade.
Se você tem interesse em entender melhor aspectos referentes à conservação do seu produto, a Prisma, Empresa Júnior de Engenharia Química da UFBA, pode te ajudar! Entre em contato conosco e descubra como podemos caminhar juntos em direção a esse objetivo e abordar o shelf-life da sua mercadoria comercializada de maneira estratégica e eficaz.
Referências:
https://guide.michelin.com/br/pt_BR/article/news-and-views/e-se-nao-houvesse-geladeira
https://canaltech.com.br/ciencia/como-os-antigos-armazenavam-alimentos-antes-da-geladeira-199843
https://www.aeaama.com.br/a-importancia-do-engenheiro-quimico-na-industria-de-alimentos
